Força-tarefa bilionária para garantir a segurança

Força-tarefa bilionária para garantir a segurança
Polícias Civil, Militar e Federal intensificam os treinamentos que visam dar proteção à Copa do Mundo e à Olimpíada no Rio. Investimento na área ultrapassa R$ 1,5 bilhão

Rio - De olho na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016, as forças de segurança do Rio intensificam a preparação para garantir a segurança nesses grandes eventos. Apesar de a cidade não ter histórico de ações terroristas, as polícias Civil, Militar e Federal já organizam uma força-tarefa para combater possíveis ameaças às competições. A estimativa é de que os investimentos na compra de equipamentos de última geração, criação de unidades e capacitação dos profissionais ultrapassem R$ 1,5 bilhão.

Entre os gastos divulgados até agora, a maior parte será aplicada na Polícia Militar — em torno de R$ 1 bilhão. A quantia destina-se a aperfeiçoar a tecnologia da corporação, adquirir novos blindados e montar o Centro de Operações Especiais, a nova ‘casa’ do Bope, em Ramos. Lá, será feita boa parte do treinamento dos ‘caveiras’ que vão assumir novas responsabilidades. As embarcações e aeronaves da PM passarão a ser tripuladas pelos homens da tropa de elite.

CONTRA BOMBAS

Na esfera federal, cada uma das 12 cidades-sede de jogos da Copa receberá R$ 1 milhão só para a compra de equipamentos antibombas. Dois aviões não-tripulados, no valor de R$ 8 milhões cada, serão adquiridos e testados, para se somar aos três que integram a frota da PF. Nos aeroportos de Guarulhos, Manaus, Rio e Recife, agentes começaram a usar o Body Scan, um scanner que faz leitura corporal para identificar drogas, armas e explosivos.

“A ideia é ser mais eficiente na repressão da criminalidade e monitorar qualquer pretensão de atentado. Aumentando a fiscalização, daremos maior sensação de segurança à população”, explicou o superintendente da PF, Ângelo Gioia.
A proteção às autoridades é uma das preocupações. Como já ocorre sempre que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa se deslocar, todos os veículos vão passar por vistoria minuciosa.

MISSÃO RESGATE
O trabalho conjunto das forças de segurança vai se estender aos aeroportos. Casos de sequestro e terrorismo em aeronaves seriam uma missão exclusiva para o Comando de Operações Táticas (COT), a tropa de elite da PF, pois o que acontece dentro dos terminais é de responsabilidade federal. Mas como o grupo fica baseado em Brasília, policiais civis e militares do Rio já participam de cursos de capacitação para esse tipo de ação em países como Israel, Estados Unidos, Alemanha, França, Colômbia, Espanha, África e Portugal. Já os agentes do COT começaram a receber instruções contra o terrorismo da polícia tática britânica. Entre as lições ensinadas estão técnicas de negociação com sequestradores e de resgate de reféns.

Bope dá início ao treinamento contra o terrorismo

O Bope iniciou sexta-feira o primeiro módulo de treinamento antiterror. Com o estádio do Engenhão como cenário, 17 alunos do Curso de Operações Especiais (COEsp) treinaram a identificação, rastreamento e detonação de artefatos explosivos em áreas de competições.

Os aspirantes receberam instruções de policiais do Batalhão de Operações Especiais da PM do Distrito Federal e da Companhia de Cães. Na ação, foi simulada a denúncia de uma bomba escondida dentro de caixa de leite, sob as cadeiras do estádio. Com rastreamento visual e com os cães farejadores, o explosivo foi encontrado. Usando roupas e equipamentos especiais, como aparelho de raio-X e um braço mecânico, um dos alunos retirou o artefato e a detonou perto do campo.

“No Rio, quem atua nas ocorrências com explosivos é o Esquadrão Antibombas da Polícia Civil. Mas o nosso objetivo é aprender a identificar os riscos para evitar os danos às pessoas, policiais e ao patrimônio”, explicou o capitão Marcelo Corbage, instrutor do COEsp.

Tecnologia contra o crime

ÔNIBUS AUTÔNOMO
Cada cidade-sede terá uma unidade antiterror da PF. Equipado com gerador e tecnologia de última geração para combater ataques à bombas, ele pode chegar em poucos minutos ao local. O veículo está avaliado em R$ 1 milhão.

ROBÔ CAMICASE
Operado por computador a no mínimo 100 metros, tem capacidade de desativar bombas ou detoná-las à distância. Possui câmera de 360 graus, pesa 35 quilos e custa R$ 316 mil. A PF tem cinco e vai comprar mais nove.

RAIO X
Revela o mecanismo do artefato, caso esteja dentro de bolsa ou pacote. Preço: R$ 279 mil.

TENDA DE CONTENÇÃO
Contém o impacto da detonação da bomba, quando não pode ser evitada.

SENSORES DE BOMBAS
O químico possui vapores que comparam, em um banco de dados, o material suspeito. O biológico tem reagentes que indicam a quantidade e o tipo de bactéria contidas em uma bomba biológica. O radiológico faz a leitura da dosagem do material e do tipo de energia emitida.

BLOQUEADOR
O equipamento bloqueia, num raio de 500 metros, telefones, aparelhos de controle remoto e transmissões de rádio, impedindo a detonação da bomba à distância.

TRAJES
Roupa de proteção usada pelo técnico antibombas. Custa R$ 279 mil e pesa 30 quilos.

KITS PARA VARREDURAS
Lanternas, microfones, gravadores e espelhos usados para fazer buscas em ambientes suspeitos, como veículos abandonados, por exemplo.

SCANNER PORTÁTIL
Faz leitura do calor corporal e identifica armas ou explosivos escondidos sob roupas e em bolsas. A PM também está comprando três.

EQUIPAMENTO NÃO-LETAL
Tasers, granadas de efeito moral e balas de borracha.

MIRAS HOLOGRÁFICAS
Possibilita tiros de fuzil com precisão em ambientes pouco iluminados ou fechados.

Dois mil homens vão ser preparados para coletar dados de criminosos

Para prevenir qualquer atentado que possa prejudicar a imagem do Rio durante os eventos, a Polícia Civil criará um núcleo de inteligência comandado por dez delegados. O setor agregará cinco delegacias especializadas, incluindo o Núcleo de Lavagem de Dinheiro. Agentes das Delegacias de Dedicação Integral ao Cidadão (Dedics) também atuarão na coleta de dados sobre criminosos, totalizando ss mil homens.

“O objetivo é impedir que as ações aconteçam. Para isso, procuramos ameaças invisíveis e traçamos planejamento estratégico”, definiu o coordenador do programa, delegado Rodrigo Oliveira. O núcleo funcionará no prédio da Chefia de Polícia Civil, no Centro. Para obter todo tipo de informação que possa identificar criminosos, os policiais estarão em contato com agentes federais e de outras instituiçõe. O objetivo é ter acesso também a bancos de dados de órgãos privados.

Cooperação internacional

Em cada uma das 12 cidades-sede da Copa do Mundo, a PF criará um gabinete de gestão e crise para descobrir planos de ataques. Para isso, o órgão desenvolve acordos de cooperação internacional com vários países e com a Interpol. O objetivo é identificar e expulsar do Brasil pessoas envolvidas em terrorismo.

Policiais de outros países foram convidados a compor um centro de informações que controlará as entradas de estrangeiros. A Difusão Vermelha — lista de procurados internacionais — será usada no controle. Cinco Veículos Aéreos Não-Tripulado (Vant) vão monitorar favelas, fronteiras e parte do oceano. De fabricação israelense, a aeronave possui binóculos de visão noturna, fotografa e filma com nitidez pessoas ou objetos a uma altura de dez quilômetros. Cada uma custa R$ 8 milhões. Também estão sendo adquiridos helicópteros e lanchas.

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