Bandidos aterrorizão

Criminosos deixam o Rio para roubar veículos
Polícia Civil descobre esquema de quadrilhas que ultrapassam limites do estado para escolher alvos em Minas e São Paulo. Eles ‘esquentam’ veículos com documentos e chassis falsos

POR FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Quadrilhas especializadas em roubos de carros no Rio de Janeiro estão ultrapassando os limites da capital e do estado para escolher seus alvos. De acordo com investigações da Polícia Civil, Minas Gerais e São Paulo são os locais preferidos para os ataques — que também acontecem na Baixada Fluminense.

“Após denúncia anônima, descobrimos um esquema em que os bandidos roubam os veículos fora do Rio e os ‘esquentam’ com documentos falsos e chassis de sucatas compradas em leilões”, descreve o delegado Márcio Mendonça, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA).

Segundo ele, a mudança das quadrilhas deve-se à ação da polícia, que vem reduzindo o número de roubos no Rio. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), bandidos levaram 3.229 veículos a menos no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2009 — 14.119 contra 10.890, uma redução de 23%.
Quedas semelhantes são registradas desde 2006, apesar de a frota ter praticamente dobrado ao longo da década, passando de 2,5 milhões para 4,7 milhões de veículos no estado.

Em junho, a DRFA fechou quatro oficinas na Posse, Nova Iguaçu, que participavam do esquema. Na ocasião, Wagner de Almeida Lima, 28 anos, apontado pela polícia como um dos líderes do bando, foi preso em flagrante e autuado pelo crime de receptação. Com a ajuda de delegacias de outros estados, cinco supostos comparsas já foram identificados e são procurados.

Nas oficinas, foram apreendidos cinco carros de luxo, entre eles o Honda Civic MRR-7909, roubado em São Paulo. Investigações indicaram que, só nas quatro oficinas interditadas, de 15 a 20 carros por semana eram trazidos de fora do estado para ser adulterados.

“Acreditamos que cerca de 20% dos 25.013 registros de veículos roubados em 2009 (cerca de 5 mil) tenham sido por meio desse tipo de esquema”, ressalta Mendonça. Segundo o delegado, a DRFA passou a reforçar operações nas favelas para combater os crimes no Rio. “Concluímos que os traficantes é que roubam carros no Rio, seja para transportar armas e drogas, ou para usá-los em invasões a territórios inimigos. Com o cerco ao tráfico, os índices começaram a despencar”, observa.

Estatísticas mostram que, em 2007, 3.092 carros a menos foram roubados em relação ao ano anterior (31.849 contra 34.941). A queda continuou se acentuando nos anos seguintes: 27.756 em 2008, 25.013 em 2009 e 10.890 no primeiro semestre deste ano.

Dois nomes são prioridade para a polícia

As baixas cada vez mais frequentes nas quadrilhas são outro trunfo da DRFA no combate ao roubo de carros. Nos últimos 12 meses, segundo Márcio Mendonça, cerca de 300 pessoas ligadas aos bandos acabaram presas. Trinta inquéritos foram instaurados, a maioria contra estelionatários com ramificações também em São Paulo e em Minas Gerais.

Entre outros 60 assaltantes já identificados, a prioridade é para prender Emerson Ventapane da Silva, o Mão, e Régis Eduardo Batista, o RG. Ambos são considerados os maiores ladrões de carros do Rio e tidos também como matadores de PMs.

Ferros-velhos fechados reduzem número de roubos

A linha dura da DRFA também é imposta contra os ferros-velhos que funcionam sem alvarás, notas fiscais e livros de registros de entradas e saídas de peças. Dados da especializada apontam que 25% dos carros roubados são desmontados e suas peças, comercializadas em ferros-velhos.

“Em um ano, 92 responsáveis por pontos clandestinos de vendas de peças de procedência duvidosa foram presos por receptação”, informa Márcio Mendonça. Só às margens da Via Dutra, entre Nova Iguaçu e São João de Meriti, na Baixada, 30 estão fechados. Diariamente, equipe da DRFA confere se os estabelecimentos não foram reabertos.

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